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sábado, 29 de maio de 2010

GEOGRAFIA



Muito antes de se começar a falar em globalização, o esporte ignorava fronteiras. Os conhecimentos geográficos facilitam a interpretação dessas diferentes realidades que, a partir de maio, entrarão em campo.

Sugestões de atividades:
• Pesquisa sobre aspectos físicos, sociais, econômicos e humanos da África do Sul, o país-sede da Copa, para posterior comparação com os mesmos indicados brasileiros.
• Levantamento dos espaços - públicos e privados - usados para a prática do futebol na cidade de Anápolis.
• Confecção de um mapa com todos os países participantes da Copa, com destaque para o fuso horário de cada um. (o conceito de fuso horário).
• A Copa também dá sentido ao mapa-múndi e a muitos nomes, fatos e conhecimentos geográficos e históricos. (quem já tinha ouvido falar na República dos Camarões antes de os "leões africanos" aparecem no cenário futebolístico, no Mundial de 1990); coloca no mesmo campo inimigos políticos (em 1998, os jogadores de Irã e Estados Unidos trocaram flores no gramado).
• Aproveitar a ocasião para explicar a dinâmica do sistema capitalista (a quantidade de marcas de patrocínio estampadas nos estádios e nas roupas dos jogadores nos ajuda a ver que não é só o futebol que está em jogo, mas o comércio de produtos, os atletas estão inseridos num sistema econômico que vê tudo como mercadorias).
• Localização no mapa da sede da Copa





Sugestão de Texto:

A África do Sul está localizada no extremo sul do continente africano, com uma região costeira que se estende por mais de 2500 km, sendo também banhada por dois oceanos (Atlântico e Índico). O território encontra- se no oriente, ao sul do paralelo do equador (hemisfério sul). Com uma extensão territorial de 1 219 912 km². O país é o 25.º maior do mundo em área.
A nação abriga aproximadamente 43,99 milhões de pessoas. A população é composta por negros, que representam 70% da população; brancos descendentes de holandeses e ingleses, que respondem por 12%, euroafricanos, representam 13%; indianos, 3%; e outras etnias, 2%.
A África do Sul tem uma paisagem variada. Na parte ocidental, estende-se um grande planalto composto em parte por deserto e em parte por pastagens e savanas, cortado pelo curso do rio Orange e do seu principal afluente, o Vaal. A sul, erguem-se as cordilheiras do Karoo e, a leste, o Drakensberg, a maior cadeia montanhosa da África meridional. A norte, o curso do rio Limpopo serve de fronteira com o Botsuana e o Zimbabué.
O clima varia entre uma pequena zona de clima mediterrânico, no extremo sul, na região do Cabo, a desértico a noroeste. No Drakensberg há áreas com clima de montanha.
A maior cidade é Joanesburgo. A Cidade do Cabo, Durban, Bloemfontein e Pretória são outras cidades importantes. A administração oficial (governo, tribunais, presidência e parlamento) encontra-se dispersa por Pretória, Cidade do Cabo, Joanesburgo e Bloemfontein.
O território abriga em seu subsolo uma grande quantidade de minérios, e destaca-se na produção de carvão mineral, manganês, ferro, cobre, platina, diamante, ouro e urânio, riquezas que são fundamentais para o desenvolvimento industrial.
Outro potencial relevante de recursos é quanto à produção de energia elétrica, impulsionada pelo rio Orange. O país não é independente quanto à produção de petróleo.
A economia sul-africana está ligada à prestação de serviços, indústria, além dos setores primários, como o extrativismo mineral e a produção agropecuária. Cidade do Cabo e Johannesburgo são os principais centros urbanos, e conseqüentemente promovem a concentração das indústrias, abrigando empresas que atuam nos setores de produção de veículos, locomotivas, incluindo ainda a metalurgia e a petroquímica.
O setor industrial é bastante diversificado, entretanto, isso não evita problemas como desigualdade social, elevado índice de desemprego, marginalização, entre outros.
Outra fonte de receita de grande importância é a atividade turística desenvolvida na Savana, conhecida como safári, além do turismo urbano, especialmente na Cidade do Cabo.



Meio ambiente

A África do Sul sofre de alguns problemas, como a falta de rios ou lagos arteriais importantes, que provoca a necessidade de fortes medidas de conservação e controlo; o crescimento do uso de água ameaça suplantar a capacidade de fornecimento; poluição dos rios por efluentes agrícolas e por descargas urbanas; poluição atmosférica causa chuva ácida; erosão do solo; desertificação.
O país faz parte de vários acordos internacionais, como:
• Protocolo Ambiental • Tratado da Antártida • Biodiversidade • Mudanças Climáticas • Desertificação • Espécies Ameaçadas • Resíduos Perigosos • Lei do Mar • Despejos Marítimos • Conservação da Vida Marinha • Banimento de Ensaios Nucleares • Protecção da Camada de Ozono • Poluição Causada por Navios • Zonas Húmidas • Caça à Baleia

Aspectos gerais da África do Sul

Nome do país: República da África do Sul.
Línguas oficiais: São o inglês (língua materna de 8% da população), africâner (14%), idioma derivado do neerlandês com influências limitadas de línguas indígenas, como a malaia. As línguas nativas e oficiais incluem o zulu (22%), xhosa (17%), suázi (2%), ndebele (1%), sotho meridional (7%), sotho setentrional (9%), tsonga (4%), tswana (8%) e venda (2%).Os negros urbanos geralmente falam inglês ou afrikaans para além da sua língua natal. Existem grupos mais pequenos mas ainda significativos de falantes de línguas khoi-san, que não são línguas oficiais mas são uma das oito línguas oficialmente reconhecidas. Existem pequenos grupos de falantes de línguas ameaçadas, muitas delas pertencentes à família khoi-san, e que não têm nenhum estatuto oficial. Alguns grupos no interior da África do Sul, no entanto, estão a tentar promover o seu uso.

Capitais: Pretória / Tshwane (cidade administrativa) Cidade do Cabo (Legislativa) Bloemfontein / Mangaung (Judiciário).

IDH (Índice de Desenvolvimento Humano): 0,674 – médio.

Religião - Em termos de crença religiosa, cerca de três quartos dos sul-africanos são cristãos, particularmente protestantes. Pertencem a várias igrejas, incluindo muitas que combinam crenças cristãs e africanas tradicionais. Muita da população não-cristã é animista. Entre as religiões minoritárias inclui-se o islão, o hinduísmo e o judaísmo. Por convicções religiosas, a população professa: • Igreja Cristã Zion: 11,1% • Igreja Pentecostal: 8,2% • Igreja Católica: 7,1% • Igreja Metodista: 6,8% • Igreja Reformada Holandesa: 6,7% • Igreja Anglicana: 3,8% • Ateus: 18%

Etnias - O censo de 2001 organizado pela agência de estatísticas da África do sul propôs cinco categorias raciais onde as pessoas se podiam classificar a si próprias, a última das quais, "não especificada/outra", recolheu um número negligível de respostas e foi omitida. Os resultados das outras categorias foram: • Africano/Negro — 79,0% • Branco — 9,6% • Coloured — 8,9% • Indiano/Asiático — 2,5% De longe, a maior parte da população classificou-se como africana ou negra, mas não é culturalmente ou linguisticamente homogénea.

Curiosidades sobre a África do Sul

► Se você está ou vai para a África do Sul e pretende pedir uma pizza para entregar em casa, desista, pois lá não existe sistema delivery (entrega em casa).
►Na África do Sul você não encontrará lavanderias.
► As mulheres carregam seus filhos nas costas.
► Quem pretende viajar para a África do Sul deve saber que lá as tomadas não carregam celular, quem vai viajar ► deve levar um adaptador.
►É muito importante saber que na África do Sul não existem táxis e nem ônibus. Para quem vai passar um tempo lá, tem que alugar um carro ou usar vans que por sinal estão sempre lotadas.
►As mulheres na África jamais podem andar na frente do homem. Elas devem andar ao lado ou atrás do homem.
► Quem faz os trabalhos pesados (trabalhar na roça, carregar coisas na cabeça, etc) são as mulheres.
► Na África, a direção do carro é contrária. A direção é pela direita.
► A moeda usada na África do Sul é Kand. Os símbolos das notas da moeda Kand são animais como: elefante, búfalo, etc.
►Para entrar na África do Sul é necessário apresentar o certificado de vacinação contra a febre amarela.
► Na África do Sul a temperatura das águas é insuportável de tão gelada.
► Este é o país da diversidade que fala em onze idiomas, mas o inglês é suficiente para a comunicação.
► Visto: para ficar por lá menos de 90 dias, os brasileiros não precisam de visto.
► Uma das explicações para ser a queridinha dos turistas que visitam a África do Sul é a vida noturna intensa da ► Cidade do Cabo, a típica cidade que não dorme. Há uma infinidade de baladas para todos os gostos em regiões especificas, como: Long Street, Loop, Wale e Orange Street.
► A África do Sul é dona das mais conceituadas safras de vinho.
► Gastronomia: Come-se muito trash food. Há muito mais lugares vendendo batatas fritas e hambúrgueres que restaurantes. A comida é apimentada. A papa de farinha de milho acompanha todo prato africano (é como se fosse nosso arroz)
► O país fez a sua revolução. Já estão no segundo presidente negro (Mandela e Mbeki) mas o país ainda é dominado por brancos. Os negros são 75% da população mas estão relegados a atividades menos nobres. Os indianos são presença constante aqui e tem uma posição melhor que a dos negros e pior que os brancos. Os brancos dominam economicamente o país. Vivem em Sandton e arredores e nunca vão para o centro da cidade ou a parte sul. São lugares onde a criminalidade é muito mais alta (Soweto fica no extremo Sul, Sandton no Norte). ►Existem escolas públicas, semi publicas e privadas. As escolas semi públicas são praticamente exclusiva para brancos (além da questão financeira, ensinavam em Afrikans – língua dos brancos na época do Apertheid)
►Casa : O fogão é elétrico a energia aqui vem toda do carvão e eles tem problemas graves de apagão…e isso afeta a todos. Estão tentando resolver até a Copa. A mobilização é geral e sempre existem duas torneiras nas pias…quente e fria. As tomadas de parede tem interruptor. Ou seja, não basta ligar o seu aparelho na tomada…se você não liga o interruptor não adianta nada.
►Carros: A frota dos carros é de dar muita inveja. É Mercedes, BMW, Hammer, Lamborguines, Ferrari e Toyotas…muitas toyotas…enfim, Polo aqui é carro popular. Quem tem um emprego estável aqui pode ter um…os juros são baixos e a longas prestações. Carro aqui é sinal de status, é sinal de que voce tem um bom emprego. ►Transporte Público e Vias Coitados: Não há metrô (construirão para a Copa). Não há ônibus. Não há trens metropolitanos. Os pobres tem que se virar com as Vans.que são irresponsáveis e irregulares. Uma verdadeira terra sem lei. E as Vans não tem regularidade de horário, trajeto ou mesmo dias de circulação. O transito é bastante complicado em algumas regiões. As ruas tem boa pavimentação mas são pessimamente sinalizadas. Não tem placa para lugar nenhum…mas sinal tem um monte. Vão ter muito trabalho até a Copa do Mundo.
►Mutilação Genital - A prática, que em muitos países africanos é considerada um rito de iniciação da idade adulta, consiste na extirpação total ou parcial do clitóris, em geral sem anestesia e em péssimas condições sanitárias. Em algumas regiões, também se realiza a infibulação, que consiste em juntar os grandes e pequenos lábios e costurar grande parte do orifício vaginal, deixando apenas uma pequena abertura para a saída do fluxo menstrual. No primeiro ato sexual, essa sutura é desfeita.Boa parte das mulheres mutiladas sofrem fusão labial, quistos e dor durante o coito, problemas que costumam ficar sem diagnóstico nem tratamento durante anos.



PLANOS DE AULA

INFLUÊNCIAS CULTURAIS NA ÁFRICA

Conteúdo-Natureza e sociedade

Objetivos -Conhecer e vivenciar produções culturais brasileiras com influências africanas.

Conteúdos
- Heranças culturais africanas e brasileiras.
- Música, dança e brincadeiras.

Material necessário -Livros, revistas, imagens, material para registro, CDs com músicas africanas e brasileiras, tecidos, instrumentos musicais e mapas.

Desenvolvimento
1ª etapa - Apresente músicas brasileiras de ritmos de origem africana (como o samba e o maracatu) e converse com as crianças sobre elas: já conhecem? Se parecem com algo que já ouviram? Gostam ou não? Por quê? Explique que essas músicas têm origem em um continente chamado África, separado do Brasil pelo oceano Atlântico. Para comparar, escute com o grupo outra música.(escolha uma canção africana aqui http://www.acordacultura.org.br/) Questione: ela se parece com a que ouvimos antes? Peça, ainda, que a turma leve livros, fotos e outros registros do continente. Você também deve preparar a mesma pesquisa.

2ª etapa - Explore os materiais trazidos em uma roda de conversa. Foque a discussão nos costumes dos grupos que serão estudados: vestimentas, alimentos, música, dança, brincadeiras etc. Lembre-se de mostrar o globo terrestre para que se aproximem da ideia do que é um continente ou país.

3ª etapa - Forme grupos e sugira que cada um aprofunde a pesquisa em um dos temas levantados. Explique que o objetivo é obter mais informações sobre costumes dos povos africanos e que cada grupo deve mergulhar em um assunto específico, procurando mais informações em livros, internet, vídeos e outras fontes de informação. Peça ainda que reflitam: quais das práticas levantadas também acontecem no Brasil? De que jeito? Como forma de registro, proponha a criação de um painel coletivo para reunir as informações, garantindo que possam ser consultadas por todos sempre que necessário.

4ª etapa - Leve para a sala instrumentos musicais de origem africana, como agogô, caxixi e alfaia e mostre às crianças as maneiras de tocá-los. Apresente também coreografias de danças africanas, como o jongo, para que a turma possa praticar - o uso de DVDs de referência com os principais passos é um bom recurso didático. Lembre-se de que essa etapa, que deve durar alguns dias, exige que você se prepare previamente para conhecer instrumentos e danças.

Avaliação - Para avaliar o aprendizado dos procedimentos de música e dança, observe o desempenho da turma ao longo das atividades, prestando atenção especialmente na evolução, na parte rítmica. Para verificar conteúdos conceituais (como é a África, onde se localiza etc.), avalie a participação da classe nas rodas de conversa e na construção do painel coletivo, procurando perceber se cada criança levanta hipóteses, ouve a contribuição dos outros e registra no mural suas descobertas.

(Consultoria: Karina Rizek-Coordenadora de projetos da Escola de Educadores, em São Paulo, SP, e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10.)



ÁFRICA: UM OLHAR CONTEMPORÂNEO

Objetivo - Analisar indicadores sociais e econômicos de países da África e avaliar perspectivas de combate à fome, pobreza e epidemias no continente

Conteúdos - África – saúde/HIV – política, economia e sociedade

Introdução

Em depoimento recente, o romancista angolano José Eduardo Agualusa declarou que “a dissimulação do passado obscurece o futuro”. A mensagem do escritor sugere um modo de abordar seu continente de origem, a África, sobre o qual nenhuma palavra parece ser definitiva. É o que mostra reportagem desta semana de VEJA, que destaca a atuação da entidade Médicos Sem Fronteiras (MSF) em países como Moçambique - com a importante participação de profissionais de saúde brasileiros.
O texto mostra o quadro dramático da Aids na África, com alto número de infectados – crianças, mulheres grávidas e adultos em plena fase produtiva – e as carências múltiplas do sistema de saúde de muitos países do continente. Ao mesmo tempo, percebe-se um sinal de avanço desses países, quando eles reconhecem os efeitos devastadores da doença e aceitam a ajuda internacional para controle, prevenção e diagnóstico.
A reportagem permite um olhar contemporâneo sobre o berço da civilização, onde hoje também prosperam iniciativas e investimentos em meio a um quadro de agudos dramas sociais. E permite a você dar duas aulas que convidam os alunos à reflexão sobre o tema, ao mesmo tempo em que faz aprofundar conhecimentos geográficos sobre o continente africano.

Atividades
1ª aula - Peça que os alunos leiam a reportagem Eles fazem diferença, publicada em VEJA. Em seguida, proponha que identifiquem no mapa apresentado na revista os países africanos com presença dos Médicos Sem Fronteiras (MSF). Diga para observarem, também, o gráfico com as motivações para intervenções da entidade: os conflitos, as guerras civis e as epidemias e endemias – estas duas últimas de modo evidente em países da África subsaariana.
Lance algumas questões para debate: quais causas históricas, geográficas e políticas ajudam a explicar esse dramático quadro social? Por que muitos países do continente não contam com estruturas adequadas para combater os problemas? Que perspectivas de futuro se apresentam para o continente, mergulhado em contradições mas, ao mesmo tempo, tão rico e diverso?
Informe aos alunos que, ao longo do tempo, a África foi pilhada, dividida e ocupada pelas potências européias. Nos séculos 15 a 19, o continente foi marcado pelo comércio de escravos e a exploração das riquezas naturais; a partir do final do século 19, sofreu as consequências da fase neocolonialista, com a partilha do território. Explique que, nesta divisão, estão as raízes de muitos conflitos étnicos e guerras civis atuais, pois diferentes povos e culturas foram separados ou agregados arbitrariamente. Ressalte que as lutas anticolonialistas ao longo da segunda metade do século 20 resultaram na emancipação política da grande maioria dos países, mas arrasaram territórios, populações e instituições. Restou, também, a herança das fortes rivalidades étnicas cristalizada nas disputas pelo poder. Termine a aula dizendo que o esforço atual é o de superar déficits sociais e econômicos crônicos, de democracia e respeito aos direitos humanos.

2ª aula - Solicite que os estudantes examinem os mapas abaixo:
Mapa 1 – África: hostilidades à vida humana

Ilustração do mapa "África: hostilidades à vida humana", publicado em 2008 pela Ed. Ática. Ilustração Beto Uechi/Pingado.

Mapa 2 - África: riquezas naturais – distribuição e apropriação

Ilustração do mapa "África: riquezas naturais – distribuição e apropriação", publicado em 2008 pela Ed. Ática. Ilustração Beto Uechi/Pingado.

Eles vão comprovar que a África é um continente com importantes riquezas minerais, em especial petróleo, gás natural e urânio, e grande desigualdade social. Os problemas mais graves estão na chamada África subsaariana, que concentra a maioria dos países e da população do continente. Chame a atenção para o chamado “Arco da fome”, que envolve o Sahel – faixa semi-árida ao sul do Saara, onde estão doze países, entre eles Mauritânia, Níger, Nigéria, Chade, Sudão e Somália. Explique que muitas dessas nações não dispõem de estruturas estatais e políticas públicas consolidadas. Faltam, também, pessoas com formação necessária para enfrentar desafios sociais, econômicos e políticos – é o caso de Moçambique, mostrado na reportagem de VEJA.
Destaque que a situação é bastante diferente nos países do Magreb, no Egito, na Líbia e em Djibouti. Localizados na faixa setentrional, ao norte do Saara, essas nações islâmicas apresentam indicadores sociais e econômicos mais positivos.
Em seguida, peça que a turma leia e comente os trechos de reportagens abaixo:

Texto 1

A África ocupou a agenda do Conselho de Segurança da ONU em 2008: impasses políticos no Zimbábue, na República Democrática do Congo e no Quênia; e conflitos armados na Somália e no Sudão. Isso trouxe de volta a imagem de continente inviável, com estados falidos, guerras civis, genocídios tribais e baixo desempenho econômico. Mas a África não é tão simples nem homogênea.
Depois de 2001, sua economia ressurgiu. O crescimento médio, que era de 2,4% em 1990, chegou a 5,5% em 2008. Em países produtores de petróleo e minérios estratégicos, como Angola, Sudão e Mauritânia, as cifras foram ainda maiores. Hoje, a África é fronteira de expansão econômica e política da China e da Índia. EUA e União Européia – em especial, a Grã-Bretanha – não abandonaram suas posições estratégicas na região. Houve, em 2001, uma guinada na política africana dos EUA, agora voltada aos interesses energéticos no Chifre da África e Golfo da Guiné, e à criação de comando estratégico militar no nordeste africano. A Rússia assinou acordo econômico e militar com a Líbia e com a Nigéria sobre venda de armas e suprimento de gás para Europa, via o Saara e a Itália.

(Fonte: FIORI, José Luís. Provavelmente, Deus não é africano. Le Monde Diplomatique Brasil, 24/04/2008. Disponível em: http://diplo.uol.com.br/2008-04,a2365 (com adaptações))

Texto 2

Graças a enormes reservas de petróleo, Angola vem sofrendo uma transformação radical. Isso sem falar em algumas jazidas de diamantes na fronteira com o Congo. Apenas seis anos depois de uma guerra civil de três décadas, a economia angolana é uma das que se expandem em ritmo mais acelerado, a taxas de 15% ao ano, as maiores do continente.

(Fonte: Capitalismo angolano. Revista National Geographic Brasil, n. 108, março de 2009, p. 31 (com adaptações))

Ajude a turma a perceber os avanços econômicos da África e o ganho de importância do continente no cenário internacional. Ao lado de países ainda semi-destruídos, como a Somália, há outros que apresentam vigoroso crescimento econômico, como África do Sul, Angola e Sudão – apesar da crise de Darfur, em curso neste último. Isso vem despertando interesses de países emergentes e reforçando a posição geopolítica e estratégica das tradicionais potências mundiais no continente. Comente que o Brasil não está fora disso, haja vista os investimentos e aproximação com diversos países africanos, especialmente os lusófonos.
Para finalizar, retome a questão da Aids, apresentada em VEJA, e comente os graves índices do continente, bem como os avanços alcançados no combate à doença. Diga à turma que, segundo dados da ONU, quase 70% do total de infectados do planeta estão na África, algo em torno de 23 milhões de pessoas. No país mais modernizado e com o PIB mais elevado do continente, a África do Sul, a epidemia atinge pouco menos de 20% da população adulta. Durante muito tempo, neste país, foi negada a existência da epidemia, o que dificulta a aplicação de testes e diagnósticos.
Essa realidade está mudando. Relatório da Unaids, a agência da ONU para o combate à Aids, publicado no final de 2009, mostra que houve aumento nos testes de detecção em países como Botsuana, Lesoto e São Tomé e Príncipe. Hoje, Cabo Verde, Senegal e Níger apresentam taxa de incidência inferior a 1% entre adultos. Os esforços de prevenção e controle em Uganda resultaram em declínio da parcela de infectados, incluindo mulheres grávidas. Portanto, ainda há muito por fazer, mas podemos encontrar sinais positivos.
Com base nos dados e discussões, proponha aos estudantes uma dissertação sobre rumos e perspectivas para a África contemporânea. Nela, deverão considerar a parcela de responsabilidade dos governos e populações locais e também das nações mais ricas e desenvolvidas e das entidades de ajuda internacional.

Avaliação - Leve em conta a participação de cada estudante nas tarefas individuais e coletivas. Na dissertação, considere o domínio das noções, conceitos e processos em jogo e a construção de ideias e argumentos na discussão do tema. Reserve um tempo para que a turma avalie a experiência.

(Consultoria Roberto Giansanti-geógrafo e autor de livros didáticos)



ÁFRICA SUBSAARIANA: QUANDO O FUTURO BATE À PORTA

Conteúdo-Economia e ecologia

Objetivo-Analisar dados e indicadores a respeito de mudanças climáticas e avaliar prognósticos em regiões do continente africano

VEJA traz os resultados de pesquisas feitas por cientistas das universidades do Texas e do Arizona sobre os climas do passado na África Subsaariana, com projeções de períodos de secas prolongadas na região num futuro próximo. Trata-se de mais uma contribuição ao debate sobre o aquecimento global e às mudanças climáticas e a seus prováveis efeitos, num cenário ainda de muitas incertezas e poucas conclusões definitivas. Os prognósticos dos pesquisadores norte-americanos são preocupantes, em especial por ser tratar de uma região com inúmeros problemas sociais e econômicos. A África subsaariana é constituída por um conjunto enorme e diferenciado de quase 50 países situados ao sul do deserto do Saara, na porção centro-sul do continente (veja o Quadro 1 abaixo). Com pouco mais de 10% da população mundial, na região combinam-se situações de extrema pobreza – grandes contingentes vivem ali com menos de 1 dólar por dia e a região abriga 60% dos soropositivos do planeta – com uma rica diversidade natural e sociocultural. No extremo sul, está uma potência regional emergente, a África do Sul, que aos poucos vai conquistando uma cadeira cativa nos rumos econômicos mundiais. Convide os estudantes para construir um painel sobre o tema e avaliar perspectivas.
Para seus alunos Quadro 1 - A África Subsaariana

Ilustração: Robles/Pingado

Atividades

1ª aula - Após a leitura da reportagem, sugira uma consulta ao atlas geográfico para caracterizar a África subsaariana em seus traços físicos e político-econômicos. Peça que levantem dados também sobre as mudanças climáticas no continente em escalas de tempo geológico. Em seguida, lance algumas questões para orientar o debate: quais são as previsões colocadas na mesa sobre mudanças climáticas e aquecimento global? Como elas poderiam afetar o continente africano, em especial a porção destacada na reportagem? Como enfrentar prevenir os prováveis efeitos na região, caso eles ocorram?
Converse com a turma sobre dados e indicadores relativos a mudanças climáticas. Segundo o 4º Relatório de Avaliação IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), divulgados em 2007, houve aumento de 0,74% na temperatura média global no último século. Registros e medições indicam também que ¾ desse incremento deu-se nas últimas três décadas e, de 1995 para cá, o mundo conheceu 11 dos 12 anos mais quentes desde que começaram as medições. Os cientistas reunidos no IPCC são categóricos em afirmar que o aquecimento do sistema climático é inequívoco. Atribuem também esse aquecimento ao avassalador enriquecimento da atmosfera por gases-estufa. A queima de combustíveis fósseis tem gerado a emissão de cerca de 6 bilhões de toneladas de CO² a cada ano.
Aqui começam as divergências, pois há pesquisadores que defendem que as mudanças climáticas significativas dependem de causas naturais, como alterações na emissão de raios solares e na órbita da Terra, entre outros. As discordâncias também são grandes quanto aos prováveis efeitos do aquecimento antrópico (causado pela ação do homem). Por exemplo, vários pesquisadores apontam para o risco de savanização de florestas úmidas, como as da África central. Outros, como o professor Aziz Ab’Saber, conhecido geomorfólogo brasileiro, apontam que, para o caso do Brasil, poderá haver expansão das coberturas vegetais associadas a climas úmidos, em virtude do alargamento e avanço da corrente marítima tropical sul-brasileira, arrastando umidade para o continente.
Há outros indícios que não devem ser desconsiderados nesse debate, como as fortes ondas de calor no verão europeu e a força de tufões e furacões em regiões tradicionalmente afetadas por estes episódios, caso do Mar do Caribe e do Golfo do México.
O eventual aumento de temperatura e mudanças no regime de chuvas pode também provocar o desequilíbrio de ecossistemas, pois algumas espécies de plantas e animais poderiam não resistir às alterações. Cientistas ligados ao IPCC, como Isaac Held, apontam também para o risco de aumentar a umidade em áreas já úmidas e de ocorrerem períodos mais severos e longos de seca em áreas já marcadas por estiagens. Isso, com efeito, faz voltar os olhos para regiões como a do Sahel, estreita faixa ao sul do Saara, onde as atividades agrícolas – sinônimo de abastecimento alimentar - dependem das precipitações pluviais. Estima-se que somente 6% das culturas agrícolas no continente africano são irrigadas.
Pesquisas arqueológicas feitas por cientistas da National Geographic revelam também que as chuvas sazonais da África central desviaram-se mais para o norte, há cerca de 12 mil anos, atingindo o deserto do Saara e trazendo precipitações do Egito à Mauritânia. Objetos, ferramentas e ossadas de animais, além dos leitos fluviais encontrados em áreas que hoje estão sob a areia do deserto, comprovam o período mais úmido, que foi gradativamente recuando até o contorno atual (ver o Quadro 2).

Para seus alunos Quadro 2 – Mudanças na cobertura vegetal na África Ocidental e Saara

Ilustração: Robles/Pingado

Estudos de polens mostram que campos e áreas de floresta prosperaram em diversos momentos no Saara. Oscilações climáticas contribuíram para afastar as precipitações mais ao norte.
(Fonte: Instituto de Geografia da Universidade de Würzburg)

2ª aula - Proponha aos estudantes a elaboração de um painel sobre a constituição da África subsaariana do ponto de vista natural e econômico-social, assim como as medidas e políticas que podem ser empregadas, algo que também é da responsabilidade da comunidade internacional (sempre é bom lembrar da pilhagem neo-colonialista do continente). Eles deverão levar em conta que muitos países africanos ainda precisam se preparar minimamente para enfrentar períodos de maior adversidade climática. A África subsaariana não é totalmente desprovida de recursos hídricos. A principal questão reside mesmo no acesso ao recurso.
Mesmo em áreas mais secas, como a do Sahel, vários países e populações são atendidos por rios de grande volume d’água, como o Niger, do Mali à Nigéria, onde está o seu delta. Mas os países da região não dispõem ainda de infraestrutura de saneamento básico e de abastecimento de água potável para atender suas populações, ou de recursos para proteger os mananciais. Assim, boa parte dessa água vai para o oceano sem ser aproveitada para consumo humano, agricultura e outros usos. Cerca de 20 países da região estão na lista dos que apresentam grande estresse hídrico.
Mais ao sul, a bacia do rio Congo irriga vasta porção da África equatorial e é densamente recoberta pela floresta tropical, sendo limitada por cinturões de savanas. Aqui, o desafio maior é conter o desmatamento e preservar as formas de vida que garantem o equilíbrio ecológico dos ecossistemas. Mais ao sul, a bacia do rio Okavango abastece muitos países, mas hoje é palco de disputas entre a Namíbia, Angola e Botsuana, especialmente em função de projetos do primeiro de desviar parte das águas do rio principal para as áreas desérticas situadas em seu território.
Organize o debate sobre os resultados e, de acordo com os interesses da turma, proponha uma exposição dos trabalhos na escola.


(Aula sugerida pelo geógrafo Roberto Giansanti-Autor de livros didáticos)





FONTES:
http://cursoejaanapolis.files.wordpress.com/2010/01/projeto-copa-do-mundo-2010-eja.pdf
http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica-pedagogica/matematica-parte-reportagem-capa-copa-mundo-427101.shtml
http://www.acordacultura.org.br/

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